sábado, 22 de dezembro de 2018


Memorandos-cartas

Falar te de novo as velas no meu sangue
e a estranha tristeza quando vais
e como demoro a retornar-me quando chegas
como se séculos passassem
na saudade do meu sangue
dias são eras
no descompasso do meu espírito
tu adormeces
a disrupção, a violência de um pensamento que não cessa
e sonhos intermitentes acordando-me na noite
e abraço-te mais aí
quando acordo e ainda dormes
e sinto com as lágrimas nos olhos
a palavra amor
- o berço mais humano
e na minha estranha ausência
nada disto transparece
a dimensão, o tom, o sabor
descanso e sede outra vez
ao mesmo tempo és-me tudo.
espero perder me sem me perder
em olhos abstratos
traz me meus olhos humanos
outra vez
e estar inteira
outra vez
quando vais
porque eu sei que sou
um terreno assolado
pelo que não entendo
mas no fundo há um riso
e ver me rir
e ver te rir
fazer te rir
é tudo

*
penso que a coisa mais bonita que podia escrever não se pode escrever
apenas apontar te com as palavras
o momento específico em que te pensei
contigo ao meu lado numa cama pela manhã
senti com tudo de mim
que tudo poderia enfrentar
acordando todos os dias ao teu lado
ainda dormes e não sabes
que eu estou semi-desperta
olhos semi-cerrados
e um estranho sentimento de certeza
e gratidão, aplacada
é um pólo que gostaria de ocupar durante todo o dia
e quando não estás
essa certeza
esse calor no coração que cada dúvida acalma
a minha incerteza de fundo
é a imagem de um salto
para um mundo do qual me afasto.
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MF

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