sábado, 22 de dezembro de 2018
O tema de novo
Plath na cabeça,
Bukowski na cabeceira
estranha comunhão,
estranha disrupção,
meteoro um dia,
uma hora,
witchcraft ?
estranha manhã,
estranho verão
eu queria um diagnóstico físico
naquelas imagens
do meu cérebro
somente uma variante anatômica
disseram, não patológica
e é tudo
não sei onde paraste, menina
tinha-te certa, aérea, tristeza sem abismo
agora abismo sem tristeza
(quem me calibra a balança agora?)
escavas, lês, afirmas que não sabes
onde foste
e os relógios estão parados
gostarias de ver de novo o mar
com o deus no teu sangue
esse deus feito de paz
e as paisagens
os mundos
as viagens
possibilidades grandes aos teus pés
mais que abstrações
ou páginas distantes
querias viver fora da tua cabeça
mas escondes-te em casa
e só achas o calor na violência
prudente, modalidades inocentes
de esquecimento
como os instantes de amor sofrido
porque droga
porque antidoto
do que não sabes e está lá
gostarias de dizer-lhe
com as palavras este erro
erro da Gaia
implantar num ser de alma
a desaceleração, a inação, a ausência
compulsão desenfreada
não queres dormir sozinha
e ele está longe
e só nos temos ali, parece
quando penso sem a névoa do coração
e eu amo palavras, não te disse?
e discorrer na noite
aquilo que de dia se me oculta
é de noite que sobrevém
as cascatas, as ondas, os desertos
a amplitude daquilo que jaz confinado
e não falo, escrevo
e dizes-me que não tens tempo para escrever
valente ponto cego à minha lágrima dentro
mas ignoro, minimizo a importância
ego-cêntrica
então eu escrevo
ao meu amigo
(irónico penso, nunca me tocou mas sabe
o fundo que desconheces)
ou no caderno
a capa são rosas, presente da minha mãe
para a sua rosa, escreveu
(não lhe deixei ver os espinhos)
os espinhos são caracteres indistintos
versos para me arrancar
despoletar
o movimento outra vez
conforto em humanos distantes
às vezes nem o calor do teu peito
Salinger ecoando
Houlden fitando os patos
também não sei para onde vão
no inverno.
MF
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