Abadias, 4/5 de Setembro 2021
Orfeu
Lamentaste pelo fogo fátuo
Os lugares gastos
Infâncias da carne
Acordei de sonhos
E pensei a tentação do sono
Ficar
Suicídio passivo
Até despertar
e flutuar no mar nessa mesma manhã
O ímpeto da vida sobreleva se afinal
Ao cansaço
/
Persefone
No outono precoce da minha idade
A minha angústia era
Persefone
E Hermes,
O Amor
Orwell e Rolls Royce
Ser feliz era aparência
Celofane
Viagens e fotografias
Deste lado,
Aceitamos que somos pobres
Separados do luxo por nascimento
As lágrimas nos olhos
Passadas e futuras
As lágrimas antevistas
por todas as perdas que ainda não foram sinalizam
A fulcral lição
A fulcral união
A riqueza é a areia nos teus pés
Um livro no teu colo
A corrida ao início da manhã
As rugas que te fazem humana
A imperfeição que aceitas finalmente
Deitamos fora os relógios
O labor e o suor acompanham nos
Os corpos são máquinas no mundo
E templos neste segundo
Até seres humano é uma viagem
Um sobressalto corre te amiúde no sangue
Como a escuridão que assombrava os teus antepassados
Os desejos são cruzes
Em Kyoto
A excessiva corrente de pensamentos não te firmam
Nesse instante de paz
O paraíso de Borges
Caótico
Que não podes perseguir,
Agarrar, extorquir
É o instante e a memória que fica
As vezes flutuamos
Quando esquecemos
(Amanhã é uma seta lançada para um país longínquo)
//
(Vivemos juntos numa casa
onde não nos cruzamos)
Eu hoje
escrevo porque ontem o meu corpo adoeceu
De te
esperar
Obstruído
o espírito
No
lamaçal de uma falsa permanência
De dias
insuportavelmente iguais
Quando
se tem aves no sangue
E sonhos
na cabeça
As
janelas são necessárias
A luz
natural, o sol, o silêncio
O vinho
e as vozes humanas
O tempo
dos nossos avós
Nunca
divididos ou confinados
Pobres
mas ricos ao serão
O cheiro
a pão
A vida
despida de jóias e colares
De
destinos e prestações
De
carreiras e televisões
Há uma
lareira e uma cadeira de baloiço
E um
volume poeirento de o Monte dos Vendavais
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